O mais baixo e calado da dupla Penn & Teller escreve como os mágicos manipulam a mente humana.
Por
Teller
Na segunda metade da década passada, mágica - que normalmente era considerada algo exclusivamente para crianças e turistas em Las Vegas - tornou-se chocantemente respeitável no mundo científico. Mesmo eu não sendo exatamente um renomado orador fui convidado para dirigir conferências sobre neurociência e percepção. Perguntei a um amigo cientista (cuja identidade devo proteger), por que o interesse repentino. Ele respondeu que aqueles que financiam a pesquisa científica acham os mágicos "mais sexys do que ratos de laboratório".
Eu faria tudo para ajudar a ciência. Mas depois que eu compartilhar o que eu sei, meus amigos neurocientistas vão me agradecer me mostrando eye-tracking e equipamentos de ressonância magnética, me prometendo que um dia essas máquinas vão me ajudar a me tornar um mágico melhor.
Eu tenho minhas dúvidas. Neurocientistas são novatos no engano. Mágicos têm feito testes controlados na percepção humana há milhares de anos.
Eu me lembro de uma experiência que fiz quando tinha 11 anos de idade. Meus sujeitos de teste foram os lobinhos. Minha hipótese (de que ninguém iria me ver roubar um aquário com um xale) revelou-se falsa e os escoteiros arremessaram doces em mim. Se eu pudesse ter evitado os machucados visitando um laboratório de ressonância magnética, eu certamente teria feito isso.
Mas mágica não é facilmente pega com máquinas, porque não se trata é realmente da mecânica de seus sentidos. Magia é sobre a compreender, e em seguida, manipular como os espectadores absorvem a informação sensorial.
"Neurocientistas são novatos no engano. Mágicos têm feito testes controlados na percepção humana há milhares de anos."
Eu penso que você vai entender o que eu digo, se eu ensinar a você uns poucos princípios que os mágicos empregam quando eles querem alterar a sua percepção.
1. Explore o reconhecimento de padrão. Eu magicamente produzo 4 moedas de prata, uma a uma, com o dorso da minha mão na sua frente. Então, eu permito que você veja a palma da minha mão vazia antes da quinta moeda aparecer. Como Homo sapiens, você entende o padrão, e fica com a impressão de que eu produzi todas as 5 moedas com a palma da minha mão vazia.
2. Faça o segredo ser mais problemático do que vale a pena. Você será enganado se o truque envolver mais tempo, dinheiro, e prática que você (ou qualquer outro espectador são) estaria disposto a investir. Meu parceiro, Penn, e eu já produzimos 500 baratas vivas de uma cartola na mesa do talk-show do David Letterman. A preparação levou semanas. Nós fomos a um entomologista que providenciou vagarosas e "simpáticas" baratas (o tipo que você não encontrará abaixo de você nos seus close-ups) e nos ensinou a pegar os bichos sem gritar como meninas pré-adolescentes. Então, nós construímos um compartimento secreto de núcleo de espuma (um dos poucos materiais que as baratas não podem se apegar) e elaboramos uma rotina tortuosa para esconder o compartimento dentro do chapéu. Mais problemas do que truque valeria a pena? Para você, provavelmente. Mas não para mágicos.
3. É mais difícil pensar criticamente se você está rindo. Nós fazemos um movimento secreto imediatamente com uma piada. Um espectador tem somente uma quantidade de atenção para dar, e se ele está rindo, sua mente está muito ocupada com a piada para te seguir racionalmente.
4. Mantenha o truque fora do quadro. Eu tenho tiro minha jaqueta e jogo-a de lado. Então eu procuro em meus bolsos e tiro para fora uma tarântula. Livrar-se do casaco era apenas para meu conforto, certo? Não exatamente. Enquanto eu tirava o casaco, eu apanhei a aranha.
5. Para enganar a mente, combine pelo menos dois truques. Toda noite em Las Vegas, Eu faço uma bola de criança ganhar vida como cachorrinho treinado. Meu método, a única coisa que engana o seu olho é marionetista é a bola com um fio muito fino para ser visto a partir da audiência. Mas durante a rotina a bola salta através de um aro de madeira várias vezes, e que parece excluir essa possibilidade. O aro é o que os magos chamam de desorientação, um segundo truque que "prova" o primeiro. O aro é genuíno, mas a coreografia enganosa eu uso levou 18 meses para ser desenvolvido (ver nº 2 - Mais problemas do que vale a pena).
6. Nada nos engana mais do que uma mentira contada para você mesmo. David P. Abbott era um mágico Omaha que inventou o que é a base do meu truque com bola em 1907. Ele o usou para fazer uma bola de ouro flutuante em torno de sua sala. Após o show, Abbott teria distraidamente deixado a bola em uma estante. Enquanto ele foi até a cozinha para tomar um refresco, os hóspedes às escondidas, descobriram que a bola era muito mais pesada do que um fio poderia suportar. Então eles foram mistificados. Mas a bola, que o público havia visto flutuando pesava apenas cinco onças. O da estante era uma cópia pesada, deixada de fora para atrair os curiosos. Quando um mágico permite que você note algo por si mesmo, sua mentira se torna impenetrável.
7. Se te derem uma escolha, você acreditará que fez uma escolha aleatória. Este é o mais obscura de todos os segredos psicológicos. Vou explicá-lo incorporando-o (e nos outros seis segredos que você acabou de aprender) em um truque de cartas digno do tio mais chato.
O EFEITO - Eu corto um baralho de cartas algumas vezes, e você terá uma visão rápida de várias cartas. Eu ponho as cartas com a face para baixo e convido você a escolher uma, memorizá-la e colocá-la de volta. Você diz (por exemplo),
"Rainha de Copas". Eu pego o baralho com minha boca, mastigo e movimento o pescoço sugerindo que as cartas estão descendo pela minha garganta, passado pelo meu intestino, minha corrente sanguínea e finalmente para o meu pé direito. Eu levnto o pé e convido você a tirar o meu sapato e a olhar dentro dele. Você vai encontrar a
"Rainha de Copas". Ficará maravilhado. Se pegar o baralho depois, irá ver que está faltando a
"Rainha de Copas".
O(S) SEGREDOS(S) - Primeito, a preparação: Eu coloco uma
"Rainha de Copas" no meu sapato direito, um
"Ás de Espadas" no meu esquerdo, e um
"3 de Paus" na carteira. Então eu faço um baralho inteiro com duplicatas destas 3 cartas. Isso necessita de 18 baralhos, um processo custoso e tedioso (ver nº 2 - Mais problemas do que vale a pena).
Quando eu corto o baralho, eu deixo você ver umas poucas cartas diferentes. Você conclui que o baralho tem 52 diferentes cartas (nº 1 - Reconhecimento de padrão). Você pensa que fez uma escolha, quando na verdade você escolheu entre dois candidatos pré selecionados por partidos políticos (nº 7 - A escolha não é livre).
Agora, quando eu balanço a carta no meu sapato (nº 3 - Se você estiver rindo...). Quando eu levantar qualquer que seja o pé com a carta que você escolheu, eu convido você a pegar a minha carteira no meu bolso de trás, e me viro de costas e troco o baralho usado (com as 3 seleções possíveis) por um baralho normal (nº 5 - Combine dois truques). Então eu deixo o baralho para você examinar depois e notar que a sua carta está desaparecida (nº 6 - A mentira que você conta para você mesmo).
Mágica é uma arte, capaz de ser bela como uma música, pintura ou poesia. Mas o núcleo de todo truque é uma fria experiência cognitiva de percepção: O truque faz a audiência de boba? O registro de mágicos passa de séculos, e estes experimentos podem ser replicados tantas vezes o suficiente para constituirem uma quase-certeza. Neurocientistas bem intencionados tem recolhido amostras do solo da base de uma montanha que os mágicos já mapearam e garimparam por seculos. Aparehos de ressonância magnética são impressionantes, mas se você quer aprender a psicologia da mágica, é melhor você ficar longe de escoteiros e doces.
Artigo original:
Smithsonian Magazine
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