quinta-feira, 12 de janeiro de 2012
quarta-feira, 11 de janeiro de 2012
Como ficar alucinado usando bolas de pingue-pongue e um rádio
O nosso cérebro é treinado para preencher lacunas. Como prova disso, basta experimentar a técnica do Ganzfeld ("campo total", em alemão).
"Primeiro, corte uma bola de pingue-pongue ao meio. Depois, sintonize o rádio em um ponto que só tenha estática. Deite-se, prenda meia bola sobre cada olho com fita adesiva e espere. Dentro de alguns minutos você vivenciará uma enxurrada de sensações bizarras. Haverá ursos-polares saltitando com elefantes. Terá uma visão de um tio morto há muito tempo. Ou qualquer outra coisa. Seu cérebro não sabe lidar com a inexistância completa de estímulos sensoriais, por isso inventa a sua própria realidade.
"O importante aqui é que o cérebro cria constantemente sua própria realidade, receba ou não estímulos proveninetes da realidade por meio dos sentidos. As maquinações cerebrais de criação do mundo continuam funcionando mesmo na falta de sentidos sensoriais. (...)"
Para ver outros experimentos clique AQUI.
Texto do livro "Truques da Mente".
Fonte: Boston Globe, Sunday 11 Jan. 2009, "Hack Your Brain".
"Primeiro, corte uma bola de pingue-pongue ao meio. Depois, sintonize o rádio em um ponto que só tenha estática. Deite-se, prenda meia bola sobre cada olho com fita adesiva e espere. Dentro de alguns minutos você vivenciará uma enxurrada de sensações bizarras. Haverá ursos-polares saltitando com elefantes. Terá uma visão de um tio morto há muito tempo. Ou qualquer outra coisa. Seu cérebro não sabe lidar com a inexistância completa de estímulos sensoriais, por isso inventa a sua própria realidade.
"O importante aqui é que o cérebro cria constantemente sua própria realidade, receba ou não estímulos proveninetes da realidade por meio dos sentidos. As maquinações cerebrais de criação do mundo continuam funcionando mesmo na falta de sentidos sensoriais. (...)"
Para ver outros experimentos clique AQUI.
Texto do livro "Truques da Mente".
Fonte: Boston Globe, Sunday 11 Jan. 2009, "Hack Your Brain".
segunda-feira, 9 de janeiro de 2012
colour changing card trick
quinta-feira, 5 de janeiro de 2012
The Discoverie of Witchcraft
Em 1500 a caça às bruxas varriam a Europa continental e a Escócia, e logo submergindo na Inglaterra após a coroação do fanático Rei James I, em 1603.
O trabalho de Scot foi concebido como um argumento cético acerca da existência de bruxas, e também como uma reação e um protesto contra a crescente onda de perseguição de inocentes por um clero supersticioso. Scot acreditava que o julgamento dos acusados de bruxaria era irracional e anti-cristão, e ele afirmava ser a Igreja Romana responsável. Todas as cópias obtidas eram queimadas sob a ordem de James I.
O livro é uma exposição sobre a bruxaria medieval. Ele contém uma pequena seção, escrito na intenção de mostrar como o público era enganado por charlatões. O livro se tornou a base para muitos dos livros sobre truques de mágica que apareceram ao longo dos séculos seguintes.
O Discoverie of Witchcraft foi escrito no século 16 no Inglês Elizabethano, e é preenchido com ortografia arcaica e fraseado, juntamente com expressões obsoletas comum naqueles tempos. As primeiras peças de Shakespeare surgiram seis anos após a publicação do trabalho de Scot, e o Inglês é semelhante.
É um estudo meticulosamente bem pesquisado sobre a prática de feitiçaria, que também toca em astrologia, a alquimia, a adivinhação, e muito mais. O texto apresenta evidências lógicas das bruxas como auto-enganos ou fraude.
O trabalho completo, abrangendo temas como: encantos; os nomes dos demônios, anjos e outras "palavras de poder"; feitiços, rituais, sabbats; magias bíblicas e egípcias, e mais, foi pesquisado com integridade acadêmica de modo que o Discoverie continua a ser uma muito citada fonte primária para os interessados nas ciências ocultas, de crentes ou não.
Nas seções do livro que trata de prestidigitação, Scot foi guiado por por John Cautares, um artista do século 16 de prestidigitação francês que ganhava a vida como operário e residia em Londres. As seções dedicadas a truques de mágica contêm muitos efeitos ainda vistos hoje, mas inclui muito pouca instrução sobre o manuseio dos sleights (movimentos de mão).
Os capítulos foram escritos com muito respeito a arte da prestidigitação. Scot enfatiza que ele considera um entretenimento, e deveria ser considerado como um desenvolvimento da sociedade e seus cidadãos, e não o trabalho do demônio ou seus aliados.
Artigo baseado neste site.
terça-feira, 3 de janeiro de 2012
Neurocientistas explicam como mágicas enganam cérebro
THIAGO FERNANDES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O mágico sobe ao palco, onde sua assistente, de branco, aguarda. Ele a cobre com um lençol e, após um clarão, puxa o pano. Agora, ela está toda de vermelho. Um segundo depois, ela é coberta de novo e, desta vez, quando o mágico retira o lençol, já não aparece mais uma mulher, e sim um outro homem.
Você sabe que nada disso acontece de verdade. Mas, por mais que preste atenção, não tem jeito: sempre é enganado pelos seus olhos.
Como caímos no truque tão facilmente? Foi a partir dessa pergunta que o casal de neurocientistas americanos Stephen Macknik e Susana Martinez-Conde decidiu se dedicar ao estudo do efeito das mágicas sobre o cérebro.
O resultado do trabalho está no livro Truques da Mente, lançado há pouco no Brasil. Em entrevista à Folha, Macknik explica que a "culpa" é de uma mistura entre a habilidade do mágico e a forma como o cérebro evoluiu.
"Neurônios são muito caros, requerem grande quantidade de energia para funcionar", diz. Uma forma encontrada pela evolução para reduzir esse gasto foi fazer com que grande parte do que consideramos "o mundo real" seja uma mistura de impressões verdadeiras, vindas dos sentidos, com outras que são recriadas pelo cérebro.
"Quando você vê alguém coçar o nariz, logo assume que ele está com uma coceira, que é o que acontece com todo mundo. É uma boa aposta e economiza energia, por não ter de considerar o infinito número de possibilidades que podem tê-lo levado a coçar o nariz", explica ele.
TIRANDO PARTIDO
O problema é quando esse alguém com "coceira" é um ilusionista. "Ele vai usar essa tendência do cérebro e aproveitar a coceira para esconder um objeto na boca." É do entendimento desse e de outros mecanismos cerebrais que se valem os ilusionistas para entortar colheres ou fazer surgir moedas na orelha dos espectadores.
"O segredo de um bom truque de mágica é fazer o espectador enganar a si mesmo. O mágico apenas usa o poder de atenção e observação de quem assiste a ele para amplificar o efeito do truque, enquanto esconde o método físico dele", diz Macknik.
É o que acontece nos truques que usam baralhos. Neles, o espectador acaba sendo enganado justamente por causa da sua tentativa de ficar atento a todos os movimentos das cartas, enquanto o verdadeiro truque acontece em outra parte do palco.
É a chamada cegueira por desatenção, que, ao contrário do que o nome sugere, acontece quando prestamos atenção demais.
O livro analisa diversos outros aspectos ligados à forma como o cérebro registra o mundo, como esses mecanismos são explorados pelos mágicos e como tudo isso ajuda a entender a mente.
"Queremos explicar por que somos tão vulneráveis aos truques da mente, que as pessoas vejam que a ilusão é parte integrante do caráter humano. E que sobrevivemos melhor e usamos menos recursos cerebrais ao fazê-lo."
TRUQUES DA MENTE
AUTORES Stephen Macknik e Susana Martinez-Conde
EDITORA Zahar
PREÇO R$ 42 (318 págs.)
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O mágico sobe ao palco, onde sua assistente, de branco, aguarda. Ele a cobre com um lençol e, após um clarão, puxa o pano. Agora, ela está toda de vermelho. Um segundo depois, ela é coberta de novo e, desta vez, quando o mágico retira o lençol, já não aparece mais uma mulher, e sim um outro homem.
Você sabe que nada disso acontece de verdade. Mas, por mais que preste atenção, não tem jeito: sempre é enganado pelos seus olhos.
Como caímos no truque tão facilmente? Foi a partir dessa pergunta que o casal de neurocientistas americanos Stephen Macknik e Susana Martinez-Conde decidiu se dedicar ao estudo do efeito das mágicas sobre o cérebro.
O resultado do trabalho está no livro Truques da Mente, lançado há pouco no Brasil. Em entrevista à Folha, Macknik explica que a "culpa" é de uma mistura entre a habilidade do mágico e a forma como o cérebro evoluiu.
"Neurônios são muito caros, requerem grande quantidade de energia para funcionar", diz. Uma forma encontrada pela evolução para reduzir esse gasto foi fazer com que grande parte do que consideramos "o mundo real" seja uma mistura de impressões verdadeiras, vindas dos sentidos, com outras que são recriadas pelo cérebro.
"Quando você vê alguém coçar o nariz, logo assume que ele está com uma coceira, que é o que acontece com todo mundo. É uma boa aposta e economiza energia, por não ter de considerar o infinito número de possibilidades que podem tê-lo levado a coçar o nariz", explica ele.
TIRANDO PARTIDO
O problema é quando esse alguém com "coceira" é um ilusionista. "Ele vai usar essa tendência do cérebro e aproveitar a coceira para esconder um objeto na boca." É do entendimento desse e de outros mecanismos cerebrais que se valem os ilusionistas para entortar colheres ou fazer surgir moedas na orelha dos espectadores.
"O segredo de um bom truque de mágica é fazer o espectador enganar a si mesmo. O mágico apenas usa o poder de atenção e observação de quem assiste a ele para amplificar o efeito do truque, enquanto esconde o método físico dele", diz Macknik.
É o que acontece nos truques que usam baralhos. Neles, o espectador acaba sendo enganado justamente por causa da sua tentativa de ficar atento a todos os movimentos das cartas, enquanto o verdadeiro truque acontece em outra parte do palco.
É a chamada cegueira por desatenção, que, ao contrário do que o nome sugere, acontece quando prestamos atenção demais.
O livro analisa diversos outros aspectos ligados à forma como o cérebro registra o mundo, como esses mecanismos são explorados pelos mágicos e como tudo isso ajuda a entender a mente.
"Queremos explicar por que somos tão vulneráveis aos truques da mente, que as pessoas vejam que a ilusão é parte integrante do caráter humano. E que sobrevivemos melhor e usamos menos recursos cerebrais ao fazê-lo."
TRUQUES DA MENTE
AUTORES Stephen Macknik e Susana Martinez-Conde
EDITORA Zahar
PREÇO R$ 42 (318 págs.)
Pamela Meyer: Como detectar um mentiroso
Marco Tempest - The Kiss
Mágica feita sem edição de vídeo:
segunda-feira, 2 de janeiro de 2012
Detect Lies - Scam School
domingo, 1 de janeiro de 2012
Síndrome de Charles Bonnet (CBS)
Pessoa que perde visão pode ganhar alucinações.
Um dia, há poucos anos, Doris Stowens viu os monstros de "Where the Wild Things Are", de Maurice Sendak, invadindo seu quarto. Depois, as criaturas viraram dançarinos tradicionais tailandeses, de grandes unhas metálicas, cuja dança furiosa ia do chão ao teto pelas paredes.
Apesar de chocada, Stowens, 85, sabia que estava tendo alucinações e estava certa de que tinham relação com o fato de sofrer de degeneração macular, que afeta a visão.
"Sabia que algo estava acontecendo entre meu cérebro e meus olhos", disse ela.
Stowens disse que, desde que desenvolveu perda parcial da visão, várias vezes por semana vê paredes cor de rosa e colchas de bordado flutuando pelos pontos cegos de seus olhos.
De fato, as alucinações de Stowens são um resultado da síndrome Charles Bonnet, um distúrbio estranho, porém relativamente comum em pessoas com problemas nos olhos.
Como a maioria das pessoas com problemas de visão tem mais de 70 anos, a síndrome, que tem o nome do seu descobridor suíço do século 18, é mais encontrada entre os idosos. E como os idosos são mais suscetíveis à deterioração cognitiva, que pode incluir alucinações e fantasias, Charles Bonnet é facilmente confundida com doença mental.
Muitos pacientes que têm os sintomas não consultam um médico, por medo de serem chamados de doentes mentais.
"Não é uma doença rara. É bastante comum. Mas as pessoas não gostam de falar a respeito", disse V. S. Ramachandran, neurologista da Universidade da Califórnia em San Diego, que escreveu sobre a doença.
Os pesquisadores estimam que de 10% a 15% das pessoas cuja visão tem índice pior que 20/60 desenvolvem a doença. Qualquer problema na visão que gere pontos cegos ou visão fraca podem gerar a condição, inclusive catarata, glaucoma, retinopatia diabética e degeneração macular.
As alucinações podem variar de simples manchas coloridas até imagens vívidas de pessoas, cenários ou fantasmas de sonhos. As alucinações em geral são breves e não são ameaçadoras. As pessoas que têm a síndrome em geral compreendem que o que estão vendo não é real.
Nancy Johnson, 72, professora aposentada de San Diego cujo olho esquerdo foi removido por causa de tumores cancerígenos, diz que não se incomoda com as imagens.
"Vejo pequenas figuras geométricas que se encaixam", disse Johnson. "Como rabiscos na margem de um caderno. É interessante e distrai, mas não dá medo."
No entanto, a experiência também pode ser assustadora. Stowens, por exemplo, disse que as visões de monstros a assustaram.
"Não conseguia nem falar, meu coração estava disparado", disse ela.
Muitos pacientes ficam aliviados em saber que estão sofrendo simplesmente de um problema de visão, disse William O'Connell, especialista da Faculdade de Optometria da Universidade Estadual de Nova York, que já teve inúmeros pacientes com a síndrome de Charles Bonnet.
"Alguns pacientes me dizem: 'Achava que estava com um tumor no cérebro'", disse ele. "Ou: 'Pensei que estivesse tendo um derrame", ou 'Achei que estava com Alzheimer'".
Os especialistas dizem que não há remédios para aliviar os pacientes com Charles Bonnet e que, de fato, há pouco a se fazer para deter as alucinações, além de piscar, aumentar a luz da sala ou fazer outras mudanças no ambiente.
"Meu cérebro diz coisas que não quero saber."
Os pesquisadores dizem que as alucinações que definem a síndrome são, de alguma forma, similares a quando alguém sente vividamente um membro que foi amputado, ou ao fenômeno da audição fantasma, quando uma pessoa que está ficando surda ouve música ou outros sons. Em todos os três casos, as percepções são causadas por uma perda da informação sensorial que normalmente alimenta o cérebro incessantemente.
No caso da visão, o córtex visual primário é responsável por absorver as informações a formar imagens lembradas ou imaginadas. Essa função dupla sugere que a visão normal é de fato uma fusão da informação sensorial externa com informação sensorial gerada internamente.
O cérebro preenche o campo visual com o que está acostumado a ver ou com o que espera ver. Se você espera que a pessoa sentada ao seu lado esteja usando uma camisa azul, por exemplo, talvez de soslaio você veja erroneamente uma camisa vermelha como se fosse azul. Uma olhada mais direta permite que mais informações externas corrijam o erro.
"Em certo sentido, todos nós alucinamos o tempo todo", disse Ramachandran. "O que chamamos de visão normal é nossa seleção da alucinação que melhor se encaixa na realidade."
Com a perda extensa da visão, menos informações externas estão disponíveis para ajustar e guiar a tendência do cérebro de preencher os vazios sensoriais. Os resultados podem ser dançarinos tailandeses ou monstros de um livro infantil.
"O que acho mais interessante", disse Stowens da sua síndrome, "é que esse meu cérebro fica me dizendo coisas que não quero saber".
Fonte: The New York Times/2004 com Tradução: Deborah Weinberg
Artigo: Portal da Oftalmologia
Apesar de chocada, Stowens, 85, sabia que estava tendo alucinações e estava certa de que tinham relação com o fato de sofrer de degeneração macular, que afeta a visão.
"Sabia que algo estava acontecendo entre meu cérebro e meus olhos", disse ela.
Stowens disse que, desde que desenvolveu perda parcial da visão, várias vezes por semana vê paredes cor de rosa e colchas de bordado flutuando pelos pontos cegos de seus olhos.
De fato, as alucinações de Stowens são um resultado da síndrome Charles Bonnet, um distúrbio estranho, porém relativamente comum em pessoas com problemas nos olhos.
Como a maioria das pessoas com problemas de visão tem mais de 70 anos, a síndrome, que tem o nome do seu descobridor suíço do século 18, é mais encontrada entre os idosos. E como os idosos são mais suscetíveis à deterioração cognitiva, que pode incluir alucinações e fantasias, Charles Bonnet é facilmente confundida com doença mental.
Muitos pacientes que têm os sintomas não consultam um médico, por medo de serem chamados de doentes mentais.
"Não é uma doença rara. É bastante comum. Mas as pessoas não gostam de falar a respeito", disse V. S. Ramachandran, neurologista da Universidade da Califórnia em San Diego, que escreveu sobre a doença.
Os pesquisadores estimam que de 10% a 15% das pessoas cuja visão tem índice pior que 20/60 desenvolvem a doença. Qualquer problema na visão que gere pontos cegos ou visão fraca podem gerar a condição, inclusive catarata, glaucoma, retinopatia diabética e degeneração macular.
As alucinações podem variar de simples manchas coloridas até imagens vívidas de pessoas, cenários ou fantasmas de sonhos. As alucinações em geral são breves e não são ameaçadoras. As pessoas que têm a síndrome em geral compreendem que o que estão vendo não é real.
Nancy Johnson, 72, professora aposentada de San Diego cujo olho esquerdo foi removido por causa de tumores cancerígenos, diz que não se incomoda com as imagens.
"Vejo pequenas figuras geométricas que se encaixam", disse Johnson. "Como rabiscos na margem de um caderno. É interessante e distrai, mas não dá medo."
No entanto, a experiência também pode ser assustadora. Stowens, por exemplo, disse que as visões de monstros a assustaram.
"Não conseguia nem falar, meu coração estava disparado", disse ela.
Muitos pacientes ficam aliviados em saber que estão sofrendo simplesmente de um problema de visão, disse William O'Connell, especialista da Faculdade de Optometria da Universidade Estadual de Nova York, que já teve inúmeros pacientes com a síndrome de Charles Bonnet.
"Alguns pacientes me dizem: 'Achava que estava com um tumor no cérebro'", disse ele. "Ou: 'Pensei que estivesse tendo um derrame", ou 'Achei que estava com Alzheimer'".
Os especialistas dizem que não há remédios para aliviar os pacientes com Charles Bonnet e que, de fato, há pouco a se fazer para deter as alucinações, além de piscar, aumentar a luz da sala ou fazer outras mudanças no ambiente.
"Meu cérebro diz coisas que não quero saber."
Os pesquisadores dizem que as alucinações que definem a síndrome são, de alguma forma, similares a quando alguém sente vividamente um membro que foi amputado, ou ao fenômeno da audição fantasma, quando uma pessoa que está ficando surda ouve música ou outros sons. Em todos os três casos, as percepções são causadas por uma perda da informação sensorial que normalmente alimenta o cérebro incessantemente.
No caso da visão, o córtex visual primário é responsável por absorver as informações a formar imagens lembradas ou imaginadas. Essa função dupla sugere que a visão normal é de fato uma fusão da informação sensorial externa com informação sensorial gerada internamente.
O cérebro preenche o campo visual com o que está acostumado a ver ou com o que espera ver. Se você espera que a pessoa sentada ao seu lado esteja usando uma camisa azul, por exemplo, talvez de soslaio você veja erroneamente uma camisa vermelha como se fosse azul. Uma olhada mais direta permite que mais informações externas corrijam o erro.
"Em certo sentido, todos nós alucinamos o tempo todo", disse Ramachandran. "O que chamamos de visão normal é nossa seleção da alucinação que melhor se encaixa na realidade."
Com a perda extensa da visão, menos informações externas estão disponíveis para ajustar e guiar a tendência do cérebro de preencher os vazios sensoriais. Os resultados podem ser dançarinos tailandeses ou monstros de um livro infantil.
"O que acho mais interessante", disse Stowens da sua síndrome, "é que esse meu cérebro fica me dizendo coisas que não quero saber".
Fonte: The New York Times/2004 com Tradução: Deborah Weinberg
Artigo: Portal da Oftalmologia
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