Analisando ondas cerebrais, programa de computador conseguiu 'adivinhar' palavras nas quais pacientes estavam pensando.
Cientistas americanos criaram um método para descobrir palavras nas quais pacientes estavam pensando, com base em suas
ondas cerebrais.
A técnica, descrita na revista científica "
PLoS Biology", se baseia nos
sinais elétricos nos cérebros de pacientes que ouviam diferentes palavras. Um computador foi depois capaz de reconstruir os sons nos quais os pacientes estavam pensando.
Segundo os pesquisadores, o método poderia ser usado no futuro para ajudar pacientes em coma ou com síndrome de encarceramento a se comunicar.
Imagens e sons
Estudos recentes vêm aperfeiçoando maneiras de "ler" pensamentos.
No ano passado, a equipe do cientista
Jack Gallant, da Universidade da Califórnia, Berkeley, desenvolveu uma maneira de relacionar os padrões de
fluxo sanguíneo no cérebro a determinadas imagens nas quais os pacientes estavam pensando.
Agora,
Brian Pasley, da mesma universidade, liderou uma pesquisa aplicando princípios semelhantes aos sons.
Sua equipe se concentrou no
giro temporal superior (GTS), uma região do cérebro que não só é parte do aparato auditivo, mas também nos ajuda a entender linguisticamente os sons que ouvimos.
Palavra secreta
Os pesquisadores monitoraram as ondas cerebrais de 15 pacientes selecionados para cirurgia devido a epilepsia ou tumores, enquanto diferentes alto-falantes tocavam gravações contendo palavras e frases.
Eles usaram então um
programa de computador para mapear que partes do cérebro reagiam, e de que forma, quando a pessoa ouvia diferentes
frequências sonoras.
Depois, os pacientes recebiam uma lista de palavras e escolhiam uma na qual deveriam pensar. Com a ajuda do programa de computador,
a equipe conseguia descobrir que palavra havia sido escolhida.
Eles conseguiram até reconstruir algumas das palavras, transformando as ondas cerebrais que eles viam de volta em som, com base nas interpretações feitas pelo computador.
"Este trabalho tem uma natureza dupla: a primeira é a ciência básica de entender como o cérebro funciona. A outra, do ponto de vista protético. Pessoas que têm problemas de fala poderiam usar um aparelho protético, quando elas não conseguem falar, mas conseguem pensar no que elas querem dizer", explicou um dos autores do estudo
Robert Knight.
"Os pacientes estão nos dando estas informações, então seria bom podermos dar alguma coisa em troca no fim".
Os cientistas explicam, no entanto, que a ideia de
"leitura de pensamento" ainda precisa ser amplamente aperfeiçoada para que aparelhos do tipo se tornem uma realidade.
Texto original:
G1.
Publicado na
Scientific American.
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