Escolha às cegas pode induzir leitores a inverter sua lealdade partidária
Quando o candidato à presidência dos EUA, Mitt Romney, disse no ano passado que ele não estava tentando chegar aos 47% do eleitorado americano, e que ele iria focar nos 5-10% de eleitores indecisos, ele estava articulando a opinião comum: de que a maioria dos eleitores estão presos a sua lealdade ao partido ideológico.
Mas Lars Hall, cientista cognitivo da Universidade de Lund, na Suécia, sabia mais. "Seu cálculo, apenas focada nestes 10% de eleitores é uma proposta arriscada", disse Hall. Quando Hall e seus colegas testaram a rigidez de atitudes políticas e intenções de voto durante a eleição geral de 2010 na Suécia, descobriram que a lealdade era maleável: quase a metade de todos os eleitores estavam abertos a mudar as suas mentes. O trabalho da equipe é publicado hoje na revista PLoS one1.
Grupo de Hall entrevistou 162 eleitores nas ruas de Malmö e Lund durante as semanas finais da campanha eleitoral, perguntando em qual das duas coalizões políticas - conservador ou social-democrata / verdes - tinham a intenção de votar, e quão fortemente eles estavam nesta decisão. Os pesquisadores também perguntaram aos eleitores a razão de onde eles estavam em 12 questões de cunho político, incluindo taxas de impostos e energia nuclear.
Manipulação do eleitor
A pessoa que conduzia o experimento secretamente preenchia uma pesquisa idêntica com o inverso de respostas do eleitor, e usou de prestidigitação para trocar as folhas de respostas, colocando o eleitor no campo político oposto (veja o vídeo abaixo). O pesquisador convidou o eleitor a dar razões para suas opiniões manipuladas, resumiu a sua pontuação para dar uma provável filiação política e perguntou novamente em quem tinham a intenção de votar.
Não mais do que 22% das respostas manipuladas foram detectadas, e 92% dos participantes do estudo aceitaram o sumário manipulado como sua própria. Isso não foi surpresa Hall, que tem demonstrado efeitos semelhantes de reversão, conhecido como escolha às cegas, em preferências pessoas estéticas e atitudes morais.
O que é mais interessante deste recente estudo é que, na base da contagem manipulada, 10% dos sujeitos mudaram suas intenções de voto, da direita para a esquerda ou vice-versa. Outros 19% mudaram do firme apoio a sua coligação preferida para indecisos. Mais de 18% tinham sido indecisos antes da pesquisa, indicando que mais de 47% do eleitorado estava aberto a mudar as sua mentes, em nítido contraste com os 10% de eleitores indecisos identificados como as pesquisas na época.
Mágica política
"É uma dramática demonstração do potencial de flexibilidade que está aí", disse Hall. "Infelizmente eu não sei como mostrar essa flexibilidade, sem o truque de mágica. Se soubesse, eu não estaria falando com você. Eu estaria vendendo o meu segredo para Hillary Clinton ou Chris Christie [republicano governador de Nova Jersey]. Ou os dois." (Clinton e Christie são vistos por muitos como principais candidatos para a eleição presidencial de 2016 EUA).
Eugene Borgida, psicólogo social e política da Universidade de Minnesota, em Minneapolis, não ficou surpreso que algumas pessoas mudaram de ideia no experimento. "Nós sabemos que quando você pede a alguém para explicar seus pontos de vista, tende a desestabilizar temporariamente os pontos de vista", diz ele.
Mas Borgida pergunta quão durável os resultados seriam. "Eu suspeito que se deixado sozinhas essas pessoas voltariam a sua filiação de base." A equipe, diz ele, "pode estar exagerando a proporção de pessoas que estão maleáveis".
Hall concorda que filiação partidária vai além de pareceres sobre questões políticas. Muitos dos participantes do estudo que não mudaram as suas intenções de voto, disseram que sentiram uma conexão global ideológica com o partido escolhido, apesar das respostas manipuladas indicarem que eles estavam mais de acordo com o partido de oposição.
Depois que o truque foi explicado a eles, muitos tiveram o prazer de descobrir que não se intimidaram em assumir a ideologia do outro ponto de vista. Mas outros, muitas vezes, ficaram aliviados por não estarem apoiando o partido errado: "Ufa, eu não sou um social-democrata no final das contas!"
Agradeço ao meu amigo, Daniel Bezerra, pela dica do artigo ao blog.
Fonte: Naturementalismo mágica mentalista entretenimento adulto
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