Leonardo Martins - Mentalista

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Análise do Comportamento Não Verbal

Por Sérgio Senna
Para IBRALC


Recebo muitas perguntas sobre a análise do comportamento não verbal e algumas delas se referem ao grau de confiança que podemos ter dos juízos que fazemos a partir da observação desses comportamentos.

Lendo a artigo publicado no Portal pelo Edinaldo e intitulado Drogas e o Teatro da Mentira, percebi que seria uma boa oportunidade para esclarecer sobre como se pode inferir acerca do comportamento com certa segurança.

No tema abordado pelo Edinaldo, ele menciona o filme Minority Report, que reflete sobre técnicas para antecipar-se ao comportamento criminoso, prevendo-o e tomando uma providência antes que o crime ocorra. É um filme de ficção, mas seu enredo já figurou em teorias “científicas” construídas no final do Século XIX.

As abordagens do “pré-crime” e o comportamento não verbal


Nessa época, diversos especialistas procuravam uma forma de prever o comportamento das pessoas a partir das características físicas por elas apresentadas. Tratava-se de estabelecer uma relação entre algo que se denominava de “personalidade” e o formato da face, da cabeça, de seus elementos constitutivos ou mesmo das medidas de outras partes do corpo.

Nesse contexto, o núcleo do conceito de personalidade consistia em características que poderiam ser consideradas estáveis e diretamente ligadas aos comportamentos dos seres humanos, o que permitia a sua previsão.

Uma vez que essas características físicas (formato da testa, do nariz, dos lábios etc) seriam indicadores inequívocos da “personalidade”, bastaria olhar uma pessoa para saber, com razoável certeza, como poderia se comportar em determinada situação. Pelo menos era assim que alguns estudiosos pensavam no final do Séc. XIX.

Desde essa época, a Psicologia avançou bastante, mas ainda nos dias de hoje vemos esse mesmo tipo de abordagem, apenas com nomes diferentes….. Faça uma pesquisa no Google e você tirará as suas próprias conclusões.

A história conta que, no final do Séc. XIX, não foi necessário muito tempo para que alguns percebessem que essas abordagens de predição do comportamento pela avaliação da aparência física poderiam ser “úteis” no campo da segurança pública. Alguns acreditaram que seria possível antecipar-se ao comportamento criminoso, distinguindo seus agentes pelo formato e dimensões de partes do seu corpo. Uma dessas pessoas foi Cesare Lombroso (foto ao lado), celebridade da época, que afirmava a tendência inata do criminoso e que seria possível identifica-lo pela sua aparência externa.

Mesmo antes do Séc. XIX, abordagens como a Frenologia afirmavam ser possível prever o comportamento criminoso a partir da observação do formato da cabeça. Acima (primeira imagem), ilustrando o início de nossa postagem, vemos um dos panfletos da época que mostra as áreas que podem revelar a “personalidade” (características relativamente estáveis) do comportamento de alguém.

Nesse mesmo período, também floresceram teorias que se contrapunham ao raciocínio do inatismo e da soberania do corpo na definição dos padrões dos comportamentos humanos. Um dos principais nomes que podemos mencionar é do francês Alexandre Lacassagne que defendia a influência do meio social para a ocorrência dos comportamentos criminosos.

No Brasil, esse debate não passava ao largo, pois o jovem Dr. Sebastião Leão enfrentou a questão com o propósito de demonstrar que as características físicas não seriam suficientes para prever o comportamento de uma pessoa.

Ele propôs ao governo do Estado do Rio Grande do Sul a instalação de um laboratório de antropologia criminal na Casa de Correção da cidade, sobre o que elaboraremos um artigo específico. O importante para o nosso conhecimento é que o Dr. Leão encontrou outras relações entre os criminosos e seus atos que nem passavam pelos aspectos físicos.

Com a análise do comportamento não verbal se passa algo semelhante. Não se trata de relacionar o movimento, ou as expressões faciais, ou a forma como as pessoas dispõem seus corpos ou os objetos no espaço com suas “personalidades”. Antes, é um exercício de inferência sobre tendências de ação diante de indicadores momentâneos da ação muscular, por exemplo.

Trocando em miúdos e aplicando à linguagem corporal 


A análise moderna do comportamento não verbal não permite e nem proclama 100% de certeza sobre como será o comportamento de uma pessoa, pois ela não desconsidera os três elementos básicos das funções mentais superiores e que nos caracterizam, univocamente, como seres humanos:

(1) a ação conscientemente controlada;
(2) a memória ativa e
(3) o pensamento abstrato.

Diante disso, concluímos que não basta, para analisar o comportamento, perceber a tendência de ação revelada por indicadores do Sistema Nervoso Autônomo. É necessário considerar o contexto que possa influir nas funções mentais superiores e nos seus desdobramentos comportamentais e também a subjetividade da pessoa que pode alterar o funcionamento das funções elementares ligadas ao sistema nervoso autônomo.

Não é suficiente perceber que alguém sentiu raiva, o mais importante é verificar o que essa pessoa fará a partir da raiva que sente. Alguém, diante da raiva, pode controlá-la, ressignificá-la e agir de forma assertiva.

Não é aquele primeiro indicador (uma microexpressão de raiva, por exemplo) que será o melhor preditor inequívoco de seu comportamento.


Fonte: IBRALC mentalismo mágica mentalista entretenimento adulto
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