Leonardo Martins - Mentalista

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Não existe um único e definitivo sinal da mentira

Não corra o risco de errar, chamando alguém de mentiroso com base apenas em um sinal!


Por Sergio Senna Pires
Para IBRALC (parcial)

Quando o assunto é a mentira, é muito importante ressaltar que NÃO EXISTE um único e definitivo sinal da mentira, pois não há um “nariz de Pinóquio” que cresce quando alguém mente.

Perceber a mentira, principalmente aquelas que podem te causar muito dano, é um processo interpretativo que fica mais preciso conforme você se apoia numa quantidade maior de indicadores.

Se alguém diz que pegar um mentiroso é fácil, é porque não entende muito sobre a mentira e sobre os mentirosos.

Muitos dizem: “olha só….. a pessoa coçou o nariz, então está mentindo”. Essa é a forma mais rápida de cometer um engano e chamar de mentiroso alguém que nunca mentiu para você. Pense sobre as consequências disso!

De certa forma, todos nós somos especialistas em mentira, pois lidamos com ela todos os dias. Não importa se somos vítimas, protagonistas ou suas testemunhas, desde cedo percebemos o potencial destrutivo que a mentira pode ter. Nesse contexto, procuramos observar os padrões de comportamento das pessoas e, quando notamos certas alterações, intuitivamente levantamos a hipótese de que a pessoa está mentindo.

Como isso ocorre? Pela mera observação de mudanças no comportamento de nossos interlocutores e pela decorrente associação com as situações em que nos contaram mentiras. Todo ser humano é capaz de fazer isso.

Os sinais da mentira e o sistema nervoso


Os estudos científicos nessa área levantam que uma boa parte dos sinais da mentira está associada à ativação do Sistema Nervoso Autônomo Simpático (SNAS).

Notamos, então, sinais de nervosismo, desconforto e agitação. A frequência cardíaca pode aumentar, bem como a respiração pode se tornar irregular. A pupila pode dilatar e a pessoa fica mais agitada e nota-se um aumento de sua movimentação. A figura abaixo ilustra alguns efeitos ligados ao SNA:


No entanto, os sinais podem não ser tão evidentes, pois ao sentir-se agitada a pessoa pode iniciar um “controle”, passando a movimentar-se menos, encolhendo-se e procurando disfarçar esses indicadores.

É justamente por que existem diferentes processos ligados ao nosso sistema nervoso autônomo que os mesmos sinais podem aparecer em situações de estresse, nervosismo e também quando se está mentindo. É responsabilidade de quem analisa esses indicadores, estar seguro de seu juízo sobre a ocorrência da mentira. Nesse contexto, fica muito fácil chegar à conclusão que identificar sinais da mentira não é uma “brincadeira”, nem adivinhação.

Observação do comportamento, análise de micro-expressões, detectores de mentira, até mesmo os mais modernos aparelhos de ressonância magnética funcional são métodos indiretos para indicação da ocorrência da mentira. É por esse motivo que, por mais precisa que seja a análise, sempre há margem de erro que deve ser considerada.

Como ter certeza, então, que alguém está mentindo e não simplesmente nervoso? Pela quantidade de indicadores, pela sua contextualização e, principalmente, pela narrativa do mentiroso em comparação com sua linguagem corporal.

Outro aspecto importante é o aumento da carga cognitiva. Mentir não é uma tarefa fácil! Há que inventar uma narrativa plausível, embrulhá-la com verdades, adicionar detalhes suficientes para dar credibilidade ao que não ocorreu e ainda lembrar de tudo isso depois.

Ocorre, então, um aumento da utilização de suas funções cognitivas para dar conta de todas essas operações. O mentiroso, então, tende a ficar mais lento, repetir sentenças, transformar as perguntas que lhes são feitas em introdução para as suas respostas, pois precisará ganhar o tempo que puder para pensar. Sob esse ponto de vista, falar a verdade é muito mais fácil e leva muito menos tempo (mas pode ser muito mais sofrido).

No entanto, as pesquisas científicas mostram que 15% das pessoas não apresentam essa lentidão característica. Isso não significa que sejam necessariamente mentirosas, mas sim que, se mentirem, o farão com eficiência.

Diante desses números, você não enfrentará mentirosos profissionais com muita frequência. A maioria das pessoas que mentem para você estão no seus ambientes mais próximos. Estão em seu lar, seu trabalho, são seus amigos etc. No fundo, uma boa parte delas não quer te causar dano. Mentem pela pura e simples incapacidade em lidar com suas próprias emoções e com a verdade… Diante disso, pergunto: Vale a pena correr o risco de imputar, injustamente, uma mentira a alguém tão próximo?

Como conclusão, fica aqui o meu conselho: Se você não é um investigador profissional, não haja como um, tentando descobrir mentirosos em cada esquina. Use esse conhecimento com parcimônia e sabedoria. Você viverá uma vida muito mais feliz!

Fonte: IBRALC
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